O MISTERIOSO CASO DAS MÁSCARAS DE CHUMBO NO MORRO DO VINTÉM

 


No dia 17 de agosto de 1966, os técnicos em eletrônica: Miguel José Viana de 34 anos e Manoel Pereira da Cruz de 32 anos, ambos casados e moradores de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, despedem-se de suas famílias a fim de empreender uma viagem a São Paulo para abastecer com suprimentos eletrônicos a sua pequena oficina especializada em instalação de transmissores e
repetidores de sinal de televisão, e possivelmente comprar um carro.

Levam consigo, a quantia de CR$ 2.300.000,00 o equivalente a US$1.050,00 que valem hoje em dia algo em torno de R$5.500,00.

Por alguma razão desconhecida, Miguel e Manuel jamais foram a São Paulo.

Desembarcaram na Rodoviária de Niterói, as 14:30, debaixo de chuva. Segundo a viação Santo Antônio, responsável pelo trajeto foi um deslocamento normal e chegou na hora prevista.
Visitaram uma loja de eletrônicos chamada Fluscop que existe até hoje no Centro de Niterói.
Segundo o dono, eram clientes da loja, mas não compraram nada nesse dia, passando apenas para dar um alô. O dono da loja, o Sr. Ernani havia se encontrado em Campos com os dois, quatro dias antes da viagem para Niterói, mas esse encontro nunca foi esmiuçado no inquérito. Não sabemos sequer o motivo.
Em outra loja, chamada Casa Brasília de material plástico compraram capas de chuva, mas não vestiram, guardando para depois.


Próximo ao Morro do Vintém, que fica bem visível atrás do Hospital Antônio Pedro, entraram em um bar para comprar uma garrafa de Água Magnesiana. Essa, era uma marca de água mineral vinda das fontes de São Lourenço em Minas Gerais, muito comum até os anos 80.
O Magnésio é fundamental para a hidratação celular por ter a capacidade de tornar a membrana permeável à água e aos fluidos eletrolíticos. 


No dia 18 de agosto, um jovem morador local, encontrou os corpos de Miguel e Manoel mortos, e chamou um policial que morava na região. No momento da denúncia o policial não foi até o local, mas arguido no inquérito sobre sua atitude e sobre o desaparecimento do dinheiro, manteve-se em silêncio.
 

No dia 20 de agosto três meninos sobem o morro para buscar uma pipa perdida e se deparam com os corpos. Finalmente as autoridades são acionadas e no dia 21 de agosto, policiais, bombeiros e repórteres sobem o Morro do Vintém e junto a um marco de demarcação de lotes feito de cimento, encontraram os dois cadáveres em avançado estado de decomposição, vestidos com suas capas de chuva, sem marcas de tiros ou facadas. Portavam seus documentos de identidade e foram rapidamente identificados Como Miguel e Manoel.

Num primeiro momento a polícia achou tratar-se de homosexuais suicidas, excluídos socialmente que teriam feito algum tipo de pacto de morte.

Junto aos corpos, que estavam deitados sobre folhas de Pindoba nitidamente cortadas a faca, foram encontrados duas coberturas para os olhos feitas pelos próprios defuntos antes de sua viagem, na tal oficina de eletrônica: As famosas Máscaras de Chumbo.

Havia também dois bilhetes, um deles com uma sequencia de letras e números e uma equação básica de eletrônica.
No outro o seguinte texto:
"16,30HS está local determinado
18,30HS ingerir cápsula após efeito, proteger metais aguardar sinal máscara.

No local encontraram também uma garrafa de água vazia e o respectivo bilhete de retorno para o casco,
prática muito comum na época das garrafas de vidro. Ainda foi encontrado com eles o bilhete do ônibus de Campos para Niterói e um lenço de pano com as iniciais A M S gravadas, além de algumas toalhas.
Não encontraram facão que pudesse ser usado para cortar as duras folhas de Pindoba e nem caneta que pudesse sugerir que as anotações tivessem sido feitas no próprio morro.

O mal cheiro dos corpos putrefeitos resultou num grande banho de formol e a ausência de causas aparentes da morte promoveu sua retirada para exame toxicológico e de necrópsia no Instituto Médico Legal de Niterói. No referido órgão, os cadáveres foram negligenciados por completo, sendo retirado um pouco de material para o exame toxicológico
e o restante das vísceras descartado no lixo.
Ainda foram encontrados escondidos nas roupas da dupla o valor de CR$ 162.400,00 o equivalente a mais ou menos U$75,00 o que dá mais ou menos R$400,00 nos dias de hoje.
O laudo saiu quase dois meses depois indicando causa indeterminada para as mortes.
O documento oficial continha uma rasura no nome de um dos legistas que se recusou a assinar o documento e foi substituído por outro.

Em Campos, a polícia descobriu que Miguel e Manuel tinham interesse em um braço específico do espiritismo que liga a religião a Ufologia. Eles pesquisavam e liam sobre contatos extraterrestres, chegando a fazer algumas experiências para falar com alienígenas de Marte. Sempre na companhia de Elcio Gomes, praticante do espiritismo e amigo da dupla. 


A policia descobriu que o trio provocou uma grande explosão tentando contactar extraterrestres na praia de Atafona, em São João da Barra, município próximo a Campos. O caso foi objeto de investigação da Marinha sem grandes consequências.
 

Élcio, acompanhou Miguel e Manoel a rodoviária de Campos no dia do embarque para Niterói.
Passou a ser suspeito de assassinato, foi detido para averiguações e liberado quatro dias depois por nada ser provado contra ele.

A polícia registrou o depoimento da dona de casa Gracinda Barbosa Coutinho de Souza que dirigia seu carro no alto da Avenida Vinte e dois de novembro, em Niterói, no mesmo dia e na mesma hora, em que os técnicos em eletrônica estavam no Morro do Vintém, e viu uma estranha presença, com formato oval emanando luzes azul e laranja, sobrevoando o morro.

Um ano depois, quando o caso já havia sido abandonado pela polícia, e estava em vias de arquivamento, o promotor Edmo Lutterbach não aceitou a conclusão da polícia e solicitou a exumação dos cadáveres. Nada foi esclarecido em função do excesso de formol que mumificou os corpos, mas aniquilou suas propriedades naturais.

Sem nenhuma conclusão definitiva, o caso foi finalmente arquivado.

O Mistério das Máscaras de Chumbo, ocupou as manchetes dos jornais e revistas do país. A imprensa divulgou que os dois teriam sido mortos durante contato com extraterrestres e a morte dos técnicos ganhou o interesse dos estudiosos de Ufologia em todo o mundo, como o francês Jacques Vallé, ex colaborador da NASA, que veio ao Brasil em 1980 para pesquisar o assunto.


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