Julia Dodds era casada com Charlie Dodds. Um rico carpinteiro e fazendeiro negro que foi perseguido e expulso de Hazlehurst, Mississipi pela Ku Klux Klan.
Julia ficou só, desamparada e acabou conhecendo um lenhador chamado Noah Johnson de quem engravidou.
Em uma antiga cabana de madeira, que se mantém de pé, até os dias de hoje, deu a luz a Robert Lee Johnson.
Procurando melhorar de vida, Julia mudou-se várias vezes, passando por pelo Delta do Mississipi, por Arkansas e Memphis.
Ela casou-se novamente com um meeiro de terras, que tornou-se o padrasto de Robert. Foram inúmeros abusos e muitas surras.
Robert recusava-se a trabalhar nos campos. Ele queria tocar o Blues, um tipo de música que emergia nas fazendas do Mississipi.
Uma variável da country music americana com raízes negras, que não era aceita pela igreja batista da época que a chamava de música do diabo.
Robert ia de fazenda em fazenda na folga dos trabalhadores e tocava sua música para ganhar alguns centavos.
O melhor lugar para se tocar o Blues eram os bares destinados a população negra nos arredores das cidades.
O Mississipi fervia em animadas noites ao som do Blues. Robert sabia que para tocar o Blues precisava chegar até a cidade, mas seu coração
se rendeu aos encantos da bela Virginia Travis de 15 anos de idade. Aos 18 anos, Robert casou-se com Virginia que engravidou logo a seguir!
Robert prometeu encerrar sua carreira de músico, começou a trabalhar nos campos e levou sua vida de homem do campo, até que aos oito meses de gravidez,
Virginia viajou para a casa de sua avó para ter o bebê. Robert se viu sozinho e voltou a tocar o Blues. Largou a fazenda e foi trabalhar em alguns lugares
que conhecia ao longo da Old Highway One, bem próxima do Rio Mississipi. Juntou dinheiro e assim que pode foi encontrar sua esposa.
Ao chegar descobriu que sua mulher e filho morreram no parto e jaziam enterrados no cemitério local.
A família de Virginia não o recebeu bem e mandou que ele fosse embora com a sua música do Diabo.
Robert tomado pela angustia e desespero caiu na estrada. Ele queria ser o maior músico de Blues da história.
Foi para Robinsonville, uma cidadezinha próxima a Memphis e passou a peregrinar atrás do famoso musico de Blues da região chamado Son House.
Um dia, enquanto Son House e seu parceiro Willie Brown tocavam em um bar local, Robert entrou e ficou olhando fixamente para a dupla esperando sua oportunidade chegar.
No intervalo, Robert pegou uma das guitarras e começou a tirar um som. A música não agradou a plateia que classificou o novato como péssimo músico e pediu que
ele parasse de fazer barulho. Robert foi expulso do bar. Disseram a ele que não voltasse mais.
Robert desapareceu. O relato que se segue está tão vivo no Mississipi quanto os peixes que nadam no rio.
Robert humilhado, tomado pela vergonha e furioso por ter sido expulso do bar, pegou sua guitarra e seguiu até uma encruzilhada.
Começou um ritual de Hudu, uma prática meio religiosa, meio mágica com origem africana que Robert conhecera nos campos e que nesse momento seria-lhe útil.
Robert invocou o Diabo. Entregou sua guitarra a ele, que segurou afinou e tocou o melhor blues que ele já ouvira.
O diabo entregou a guitarra a Robert e disse: Quando você tocar nesse instrumento sua alma será minha.
Robert aceitou a barganha e pegou sua guitarra. Logo depois partiu para o Delta do Mississipi para encontrar um homem chamado Ike Zimmerman.
Ike era o melhor guitarrista do sul do Misissipi. Dizia que para aprender o Blues era preciso levar sua guitarra ao cemitério a meia noite,
sentar em um túmulo e tocar. Os espíritos viriam a sua procura e você conheceria a essência do Blues.
Quando Robert chegou, Ike levou-o ao Beauregard Memorial Cemetery que ficava bem próximo a sua casa. Durante muitas noites Ike e Robert praticaram
a música do diabo. Ali não havia ninguém para reclamar.
Um ano depois Robert voltou a Robinsonville, entrou no bar onde estavam Son House e seu parceiro e antes que fosse expulso novamente
pediu aos músicos uma segunda chance.
Robert era outro músico. Tocava tão rápido e tão bem, suas bases e combinações eram tão perfeitas que parecia ser mais de uma pessoa tocando.
Robert arrasou. O sucesso foi imediato. Passou então a se apresentar em bares até que um dia conheceu um novo amor.
Robert se apaixonou por uma moça chamada Virgie Cain e a engravidou. Ele insistiu muito que ela fosse embora com ele.
Mas a família de Virgie era muito religiosa e disse que Robert jamais chegaria perto de Virgie ou seu filho.
Durante alguns anos Robert tentou se aproximar de seu filho e sua amada, mas o melhor que conseguiu foi vê-lo a distância por duas vezes.
Robert entregou-se de vez ao Diabo, caiu na estrada, na bebida, nos prazeres do sexo e tornou-se um escândalo e também muito mais conhecido.
Não satisfeito, Robert passou a promover a sua amizade com o diabo e se auto intitulou O Homem do Diabo. Suas letras corroboravam esses fatos.
Gravou 29 músicas para a American Record Company. Na canção Hell Hound On My Trail falava sobre os cães do inferno que o perseguiam. Dizia colocar pó
picante na porta para impedir sua casa de ser invadida pelas bestas. Essa é uma prática de Hoodoo. Pratica que levou Robert a conhecer o Diabo.
Agora ele dizia em outra canção que o diabo andava a seu lado. Na clássica Come On In My Kitchen, falava sobre as práticas Hudu ligadas ao sexo,
e como roubara uma moeda da bolsa mágica de uma mulher hudu para livrar seu espírito dela.
O sobrenatural estava ligado a Robert e a sua genialidade. A afinação de sua voz era estranha mas combinava perfeitamente com as suas canções.
O Blues tocado por Robert Johnson tornou-se a base para o Rock'n'roll moderno. Chegou a hora do Diabo cobrar a conta.
Em um bar perto de Greenwood, Mississipi, chamado Three Forks, Robert se envolveu com a mulher de um homem que trabalhava no local.
Não satisfeito, desrespeitou e humilhou o sujeito algumas vezes. Horas mais tarde, pediu no bar uma garrafa de whiskey.
A garrafa chegou com o lacre violado. Um de seus colegas jogou a garrafa no chão, alertando a Robert que não bebesse nada que fosse aberto antes de ser servido.
Robert, soberbo e arrogante disse que ninguém deveria ousar jogar sua garrafa de whiskey de 7 dolares no chão.
Pegou-a em suas mãos e bebeu direto do gargalo. Pouco tempo depois, começou a se contorcer, caiu no chão e urrava de dor. Ele fora envenenado.
A plateia que parecia agir como se estivesse enfeitiçada, queria lhe dar mais whiskey para que tocasse mais, totalmente alheia ao seu desespero.
Dois ou três dias depois Robert faleceu, aos 27 anos.
Seu assassinato jamais fora investigado. Havia um consenso local de que ele e sua música do Diabo eram melhores mortas.
Sua carreira foi composta por 29 músicas, 2 únicas fotos autênticas e nenhuma filmagem.
Sinistro !!!
ResponderExcluirÉ o fundador do clube dos 27...
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